sábado, 12 de julho de 2008

VALE DOS SUICIDAS


Há algum tempo que não me encontrava com um velho amigo de infância. Infelizmente a conversa não foi das mais agradáveis em razão de ele estar desempregado, beirando os cinqüenta anos. Como é comum nessas horas, vieram-me vários pensamentos à procura de ajudar o companheiro. Então, aconselhei-o a buscar o apoio dos políticos, haja vista ser o ano eleitoral.

Em casa, antes de dormir, tenho dúvidas se fiz a coisa certa. O leitor sabe que político nessa época promete mundos e fundos e termina por não cumprir nada. Os candidatos a vereador, por exemplo, têm por hábito nos discurso de palanque usurpar a função de prefeito e dizer que vão fazer obra e mais obras, sem a menor condição de concretizá-las. Doutra, o candidato a prefeito, sem saber de onde vai gerar verbas para o orçamento, promete melhorar a saúde, a educação etc., e até aumentar os salários de médicos e professores para, depois de eleito, alegar que não tem dinheiro disponível nos cofres públicos.

Não se deve esquecer que esse amigo foi despedido após trabalhar por quase vinte anos em uma empresa privada. Depois de ter sido seguidamente assaltado, como motorista que transportava mercadorias, e de ter manifestado sua incomodação com o acontecido ao chefe, foi sumariamente mandado embora sem justa causa. Daí a importância de o Congresso nacional ratificar a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na qual depreende que, nesses casos, a empresa precisará se justificar perante a Justiça do Trabalho, que pode acatar ou não a rescisão do empregado.

Por outro lado, os políticos possivelmente irão lhe prometer um emprego público em troca de seu voto, do voto de seus familiares e dos de seus amigos de bairro, mesmo sabendo ser impossível conseguir o tal emprego. Caro leitor, o indivíduo desempregado é um ser estranho e super sensível. Em poucos dias adquire depressão, em casa é nervoso, na rua fala baixo e, quase sempre, é rejeitado por todos, inclusive pela mulher e filhos. Aconselhando-o a falar com os políticos, penso que o empurrei para o vale dos suicidas.

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