sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

NA TERRA DE MOREIRA CAMPOS

Em janeiro último, estive de férias em meu torrão natal, Senador Pompeu (295 km de Fortaleza). Fiquei surpreso com o número de jornais que parecem chegar à cidade: uns cinquenta, dentre assinaturas e os que ficam disponíveis nas bancas. Nos fins de semana, não encontrei onde comprar um jornal sequer.

Esse fato per si merece uma reflexão, haja vista que o universo populacional da cidade é de 15.000 eleitores, mais ou menos. Pelas informações que obtive, os periódicos que chegam por lá são lidos por funcionários públicos e bancários. E os universitários? E os estudantes do ensino médio? Pelo menos comprando os tais periódicos, ninguém os vê.

Certo dia, encontrava-me em um conhecido bar da cidade, o bar do Zé Edilson, a conversar com amigos e decidi deixar um jornal “abandonado” sobre outra mesa para ver o que acontecia. No entra e sai de tanta gente, ao cabo de uma hora, apenas uma pessoa pegou o jornal para olhar o caderno de esportes.

Por que na terra do escritor José Maria Moreira Campos, exímio contista, lê-se tão pouco? Sabe-se que não é somente Senador Pompeu que vive essa situação, pois boa parte das cidades brasileiras apresenta o mesmo problema. A questão é tão delicada que pode estancar todo esse clima de desenvolvimento no qual o país vive, justamente pela falta de uma educação de mais qualidade.

Um país que se quer grande e livre precisa investir na leitura. Ler um jornal de forma crítica, quando se é jovem, é como descobrir a fonte que serpenteia o caminho do conhecimento. O jornal também não pode ficar apenas numa atitude passiva, esperando que o eleitor vá até a banca para comprá-lo. Talvez falte ao jornal um maior envolvimento com a comunidade. Quem sabe, não será esse o seu futuro?

Milagre não acontece de uma hora para outra. Criar o hábito de ler em um país que viveu um tempo recente sob ditadura, demanda tempo. Enquanto não for feita uma reforma de distribuição de renda para que as pessoas possam exercitar efetivamente a democracia – e tanto uma família de trabalhadores como um professor possam pagar a assinatura de um jornal -, os jovens continuarão preferindo assistir ao raso programa big brother a ler um jornal.

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