Ter sido filho de professora foi o diferencial em minha vida e, acredito, também o foi na de meus irmãos. Herdamos os seus valores éticos, morais, religiosos e, fundamentalmente, o prazer em aprender. Para mim, ser filho da professora Cristina Pessoa, em Senador Pompeu (275 km de Fortaleza), era viver sob uma expectativa de cobrança intelectual por boa parte da sociedade.
Naturalmente tornei-me professor, mas, a realidade foi outra. Embora portando diploma de nível superior e algumas especializações, o salário era irrisório. Desiludido, passei a estudar para enfrentar a maratona de concursos públicos – trajetória de grande parte dos jovens professores de minha geração.
A vida de professor se constitui de grandes dificuldades. Ele tem que dar aula em muitas escolas, o que acaba prejudicando a qualidade do ensino. Não obstante a Lei nº11. 738/2008, que garante o piso nacional da categoria um pouco acima do salário mínimo, o que se vê é o flagrante desrespeito aos docentes por parte de estados e prefeituras. Além do mais, existe o eterno atraso com o pagamento dos salários, do décimo terceiro e das férias.
Um país que quer ser desenvolvido jamais deve se esquecer de investir na educação de seu povo, pois esse é um fato registrado pela história das nações que prosperaram. Independentemente das matrizes ideológicas de qualquer governo, o investimento na educação brasileira ainda é insignificante. É como se fosse apenas uma satisfação política.
O resultado dessa situação são escolas que não dispõem de recursos tecnológicos básicos e apresentam uma quantidade razoável de evasão de alunos. Convém lembrar que muitas escolas das periferias de grandes cidades têm problemas sérios para contratar e manter seu quadro de docentes por conta das constantes ameaças sofridas pelos professores por parte dos próprios alunos.
É triste constatar que poucos são os pais de família que desejam para seus filhos a profissão de professor. Além dos parcos salários, a estrutura educacional não é nada atrativa. Foi-se o tempo de dona Cristina, em que o professor era chamado de mestre, mesmo sem ter mestrado. Hoje, muitos têm mestrado e doutorado, mas não são sequer chamados de professor.
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